quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

População da Grande Florianópolis fica refém de ações de motoristas e cobradores de ônibus

População da Grande Florianópolis fica refém de ações de motoristas e cobradores de ônibus

Paralisações como a desta terça-feira,sem aviso, ferem a legislação

img Everton Palaoro
@Palaoro_ND
Florianópolis

Débora Klempous/ND
Surpreendidos por mais uma paralisação relâmpago, usuários são os mais penalizados
Os usuários do serviço de transporte público da Grande Florianópolis foram surpreendidos por uma paralisação relâmpago no final da manhã de ontem. Após assembleia, os trabalhadores das nove concessionárias cruzaram os braços durante uma hora. O ato gerou insegurança na população, que teme uma greve geral sem aviso prévio.
Houve congestionamentos e confusão nos arredores do Ticen (Terminal Integrado do Centro). O sindicato estimou que 80% dos ônibus urbanos ficaram parados. Pelo menos 50 mil pessoas foram afetadas. Às 11h, os ônibus que deveriam sair do Ticen fecharam as portas e os passageiros precisaram esperar até as 12h10 quando os ônibus voltaram a circular.
A vendedora Taís Pudell, 21 anos, iria embarcar no ônibus que vai para a Lagoa da Conceição para trabalhar, mas não conseguiu. Precisou esperar, e chegou atrasada no trabalho. “Não precisa ser desta forma. Assim eles atrapalham o nosso trabalho também. Eles simplesmente fecharam as portas e não explicaram o porquê. Só soubemos depois que era uma paralisação. O jeito foi esperar”, disse.
O secretário de Finanças e Assuntos Políticos do Sintraturb (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Urbano de Passageiros da Região Metropolitana de Florianópolis), Dionísio Linder, alegou que as concessionárias impõem jornada de trabalho dobrada, desvio de função e o pagamento incompleto de horas extras. “Tem fiscal atuando como cobrador e os motoristas perdem o horário de intervalo tentando estacionar os ônibus”, denunciou. Segundo Linder, há 14 dias uma lista com as reclamações foi enviada ao sindicato patronal, mas não houve retorno. Apesar do sindicato alegar que a parada não foi orquestrada, no momento da assembleia circulava um informativo relatando os motivos do protesto.
O presidente do Setuf (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis), Valdir Gomes, informou que não pretende pedir punição judicial para os trabalhadores e que não recebeu nenhuma das reivindicações. “O estacionamento tem que cobrar das empresas. É fácil jogar um monte de denúncias no ventilador. Eles têm que provar isso”, ressaltou Gomes.
Foco é no aumento salarial
A paralisação relâmpago foi realizada durante a primeira de três assembleias entre sindicalistas e funcionários. Na pauta dos encontros estavam as reivindicações que serão apresentadas à classe patronal. Entre as cobranças estão a redução da jornada de trabalho para 6 horas diárias, aumento no vale alimentação, de R$ 380 para R$ 420, e aumento real de 5% no salário da categoria.
Para o presidente do Setuf, Valdir Gomes, a paralisação só prejudica a população. “Faltam 60 dias para encerrar as negociações e eles nem enviaram as reivindicações. Como podem sacrificar o usuário?”, questionou Gomes.
O presidente garantiu que está disposto a negociar com os trabalhadores. Mas empurrou a decisão para os usuários do transporte coletivo. “Nós podemos negociar qualquer coisa, mas a  população tem que ser ouvida, pois haverá aumento no valor da passagem. Se eles estiverem dispostos a pagar o preço, cedemos às reivindicações”, alertou.
Multa por greve não foi paga
Após dois anos sem greves, a tendência é que os trabalhadores voltem a cruzar os braços na Capital. Ontem, durante os encontros realizados com os funcionários das empresas, o discurso das lideranças era no sentido de agrupar a categoria para suspender os serviços.
O secretário de Transportes e vice-prefeito da Capital, João Batista Nunes, explicou que o município não foi informado sobre a paralisação. “Os argumentos apresentados não justificam. A população deveria ser avisada”, ressaltou.
A última greve ocorreu em 2009. O Sintraturb recebeu punição do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de R$ 150 mil pela paralisação. O valor ainda não foi pago, já que o sindicato entrou com recursos e reduziu a multa para R$ 50 mil. Mesmo com o desconto, os representantes dos trabalhadores recorreram da decisão no STF (Superior Tribunal Federal), em Brasília. Já os dois sindicatos patronais foram punidos com R$ 150 mil cada, pelos transtornos causados à população.
Publicado em 29/02-11:39 por: Paulo Jorge Pereira Cassapo Dias Marques.
Atualizado em 29/02-12:04

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